quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Pessoas: campos minados

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"Cuide bem do seu amor" é mais uma das músicas dos Paralamas do Sucesso de que eu gosto muito. Admiro bastante as composições de Hebert Viana (vocalista que se acidentou caindo de um ultraleve com a esposa - ele sobreviveu; já ela, em menos de um segundo, infelizmente...). Nessa música, há uma estrofe que diz: 
Palavras duras em voz de veludo 
E tudo muda, adeus velho mundo 
Há um segundo, tudo estava em paz!

Esse trecho da música me chama a atenção para o fato de que basta um segundo, não mais que isso - aliás, bem menos que um segundo - para que uma situação se transforme de tal modo, que se torne completamente irreversível. Uma palavra mal colocada, na qual falte bom senso, ponderação, equilíbrio... na qual falte amor, sensibilidade ou falte respeito, é suficiente para que uma trajetória considerada boa e agradável se transmute em tragédia. Basta um milésimo de tempo para o oposto tomar o posto do que estava bem posto.

Havia na minha época de garoto um jogo chamado campo minado, que - como os videogames, os seriados e as diversas redes sociais de hoje - tomavam nosso tempo e ocupava nossa mente. A tensão de estar desbravando terrenos sob os quais havia bombas virtuais domava totalmente nossas emoções e sentimentos. Mas, perder o jogo ali, tendo descoberto tantas e tantas possibilidades, não representava mal tão grande. Bastava recomeçar o jogo.

Mal maior sofrem aqueles que em estado de guerra ou posteriormente a ela, ao andarem de verdade sobre terrenos que escondem minas altamente explosivas e letais, acabam perdendo pedaços do corpo e se aleijando para sempre. Também é assim no misterioso terreno dos humanos. Pessoas são como campos minados que guardam em si pedaços de memória, resquícios de emoções, sobras de sentimentos que, quando tocados indevidamente explodem e matam. Em menos de um segundo.

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