domingo, 4 de março de 2018

Uns passarinho; outros passarão


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Com todo o respeito que eu tenho ao incrível poeta Mário Quintana, que é grande por sua simplicidade; que é profundo graças à superfície de sua escrita; que é singelo na dureza com que diz as coisas tão diretamente... com todo respeito a este inesquecível poeta, faço uso de suas palavas aqui para pensar no que passa; para pensar nos que passam. Para passar o que penso.

Essa vida da gente é tão curta, tão ilusória e tão cheia de coisas, que às vezes tenho a impressão de que "estou cheio de me sentir vazio" - como cantava Renato Russo (outro que passou e que pesou em meu modo de ser e de estar). Às vezes pessoas passam pela vida da gente e, mesmo com toda luz incidindo sobre elas, parece que se tornam simples componentes de uma paisagem cotidiana que já não impressiona os nossos olhos.

Outras vezes somos tão indiferentes ao aspecto humano de uma relação (pessoal, profissional, social...), que também não percebemos que estamos nos deixando passar pelas pessoas sem marcá-las com nossa presença, sem fazer com que nossa existência faça diferença. Como passarinhos, passamos por elas e voamos para longe. Dessa forma, nós passaremos. Elas passarão.

Talvez seja esta a realidade mais presente: assim como tudo passa, todos passam. Que meus olhos estejam bem abertos para não deixar de ver nas pessoas a sua humanidade, de ver nelas aquilo que me faz se mais mim mesmo, de notar o brilho de seu olhar, de seu sorriso, o tremor de sua dor, o calafrio de seu temor... e que eu possa oferecer e receber o necessário abraço, que me dá a certeza de que fico e não passo.

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